Severiano Melo

19 cidades do RN têm mais eleitores que habitantes: o que explica essa distorção?

Municípios como Severiano Melo, com 7.225 eleitores e apenas 5.623 moradores, levantam questionamentos sobre o sistema eleitoral e a atualização cadastral do país.

Um levantamento recente revelou uma realidade curiosa e preocupante no Rio Grande do Norte: 19 municípios do estado têm mais eleitores registrados do que habitantes. A discrepância foi identificada a partir de dados do Censo 2022 do IBGE e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostrando que 11% das cidades potiguares vivem essa situação, número abaixo da média nacional, que chega a 15%.

Entre os municípios com essa distorção estão Severiano Melo, Olho d’Água do Borges, Paraú e Caiçara do Rio do Vento. Em Severiano Melo, por exemplo, são 7.225 eleitores para uma população de apenas 5.623 pessoas, segundo o IBGE. Esse fenômeno gera preocupações sobre a confiabilidade do cadastro eleitoral e os impactos que isso pode ter na representatividade e na alocação de recursos públicos.

Especialistas apontam algumas causas possíveis para esse tipo de desequilíbrio. Uma delas é a manutenção do título de eleitor por pessoas que se mudaram de cidade, mas não atualizaram seu domicílio eleitoral. Outra hipótese é a presença de eleitores que moram em áreas rurais ou municípios vizinhos, mas votam onde têm vínculos familiares ou patrimoniais. Também se discute a existência de fraudes, ainda que em escala reduzida, como cadastros irregulares.

O TSE realiza periodicamente revisões no cadastro eleitoral, mas nem sempre os recursos são suficientes para abranger todos os municípios com o rigor necessário. Em anos não eleitorais, há uma menor pressão política e institucional por essas correções. A defasagem de dados pode afetar desde a divisão do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) até os resultados das eleições, já que o número de eleitores influencia diretamente o cálculo da proporcionalidade dos votos.

Diante desse cenário, cresce a necessidade de aprimorar a integração entre os sistemas do IBGE e do TSE, além de fortalecer ações de recadastramento biométrico e fiscalização. O equilíbrio entre a realidade demográfica e o registro eleitoral é fundamental para garantir a transparência e a legitimidade do processo democrático. Sem isso, abre-se espaço para distorções que comprometem a justiça eleitoral e a correta gestão pública nos municípios.

Rállyson Nunes

Jornalista com a DRT 2233/RN, apresentador e repórter de rádio com atuação no Grupo TCM de Comunicação, comentarista político, repórter de TV, Diretor de Empresa Jornalística com a DRT 0001/RN, Tec. em Hospedagem de Sites, Sistemas e Rotas de DNS, Empresário responsável pelas empresas Crianet e Gazeta do RN.

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